quinta-feira, 22 de junho de 2017

Por que o Vaticano não se opôs firmemente ao Holocausto?

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Desde de 1930, o Papa Pio XI e outras lideranças da Igreja Católica, em várias ocasiões expressaram uma certa preocupação em relação aos avanços e consequências da ideologia nazista.

No ano de 1933, bispos alemães haviam assinado e publicado uma carta na qual falavam sobre os princípios do nazismo, a partir de atos que iam completamente contra os dogmas católicos. Junto à carta também escreveram ao governo assinalando repulsa pelos abusos recorrentes.

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Contudo, no mesmo ano, a Santa Sé assinou uma concordata junto à Alemanha, que ia de encontro a política usada pelo Vaticano no momento: tentar se juntar aos regimes opostos ao da Igreja para conseguir mitigar seus efeitos. No entanto, os nazistas não cumpriram os termos do acordo e perseguiram membros da igreja que se opunham ao nazismo.

Avançando mais no tempo, em 1937, a pedido de bispos alemães e para mostrar oposição e profunda crítica às ideologias nazistas, surgiu a encíclica “Com ardente preocupação” – uma carta circular do papa que abordava temas da doutrina católica. Mesmo entrando de forma escondida na Alemanha, a carta foi lida em um domingo, dia 21 de março de 1937, em todas as igrejas católicas do país.

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No entanto, em 1938, quando os nazistas invadiram a Áustria, o Cardeal Innitzer, de Viena, apoiou a presença do regime por meio de um comunicado, mas, rapidamente, precisou se retratar a pedido do próprio papa. Os nazistas, por outro lado, omitiram a informação, deixando apenas a primeira declaração ir ao ar.

Em 1939, após a morte de Pio XI, Pio XII assumiu seu lugar, sendo considerado um dos maiores colaboradores da encíclica, e principal signatário da concordata. A partir de 1941, enquanto os abusos nazistas aumentavam, a Igreja fez apelos contínuos através de canais diplomáticos pedindo ao governo nazista e aliados ao regime para que cessassem os ataques aos judeus. Tais fatos foram demonstrados em inúmeras documentações supostamente nunca reveladas ao público.

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Por outro lado, o papa não fazia declarações públicas porque, aparentemente, não queria agravar a situação ou causar mais vítimas – como ocorreu na Holanda, quando bispos holandeses protestaram contra os nazistas e em retaliação, o regime prendeu e deportou mais de 40 mil judeus nas semanas seguintes.

Grande parte dos historiadores concordam que, embora mínima, a ação da Igreja de fato conseguiu salvar muitas vidas. Ao seguir as instruções de Pio XII, religiosos esconderam muitos judeus em igrejas e conventos para que fossem salvos da perseguição. Até mesmo o próprio papa escondeu em Castel Gandolfo mais de 3.000 judeus.

Após o fim da Segunda Guerra, várias organizações judaicas agradeceram à Santa Sé pela ajuda oferecida. De acordo com o historiador judeu David Dalin, graças à Igreja, mais de 700.000 judeus foram salvos.

Ainda, em 1988, o Vaticano pediu desculpas ao mundo por não ter sabido agir melhor e com mais força, e pelas atitudes de alguns membros da Igreja à época. Alguns historiadores atestam que não podem ser desconsideradas as circunstâncias históricas por trás de todo o contexto, e que não se deve julgar o caso sem conhecer todos os fatos. Em suma, para eles, a Igreja não foi mais firme em relação aos abusos nazistas porque não queria causar mais vítimas.


Fonte: Site do Jornal Ciência

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